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ventania

  • Writer: Amanda Talhari
    Amanda Talhari
  • Jan 21, 2024
  • 2 min read

Updated: Oct 4, 2024

Tem lucidez que parece um pouco loucura, 

cair em si que parece perder-se, 

sentir-se que quase parece um desmanchar. 


mas, se escutar bem, percebe que não se trata da mesma coisa: o que desmancha é o que não faz falta. que essa intensidade é rio passando por dentro, é resgate, é força. tem ‘sentires’ que nem palavra têm ainda, mas atravessam ainda assim. 


​​cheiros, filmes e alguns sons sempre foram portas de entrada fácil, no meio de tanto muro alto da racionalidade e do controle. como quem deixa o portão encostado sabendo que o vento vai abrir. 


​​um cheiro que transportava pra uma pessoa, memória ou textura.

​​um som que destrancava o peito e abria o choro, sem nenhum pesar que chamasse a água salgada. 

​​uma batida que convocava a intuição do movimento no corpo, um balançar ou pular. 

​​mas sempre precisava dessa deixa, esse ‘ventinho da rua’ pra abrir o portão.

​​

​​acho que tenho feito coisas pra escancarar entradas e prescindir de muros. tenho sido pega por ventanias em mim. absolutamente justas. inquietantes. tenho sido chamada por inteirezas, inquietudes, silêncios, gargalhadas, sons guturais, desvergonhas, e vontades de brincar.


​​tenho sido convidada a habitar-me - ainda que olhando em volta pareça que tô no meio das dunas e da restinga, sem saber onde é entrada e onde é saída. 


tenho sido convocada a enfiar os dedos na areia e fazer carinho no mar. ando lembrando da concretude e da magia da pele, o maior órgão do nosso corpo, que é ao mesmo tempo margem e engate, que carrega e cria tanta linguagem, que cria até flor pra brotar o que nasce de dentro e precisa polinizar.




 
 
 

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 2023 • Textos, ilustrações e diagramação de Amanda Talhari

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