tecidos moles
- Amanda Talhari
- May 15, 2024
- 1 min read
Updated: Oct 9, 2024
Perceber a sensibilidade por trás da dureza. Areia molhada e mole que fica dura e seca quando se pisa nela. Firmeza sob pressão, tensão que busca recuperar o equilíbrio. O Eu trabalha demais, rala o cu na guia do impossível, apoiado em enganos. Aperta o desejo e rega demandas (por esperanças mal informadas). Faça menos pra se proteger. Faça mais pra dar conta. Esse corpo de carne que não sabe que é músculo. Que se vê saco de pele recheada de vísceras, e não percebe o que conecta e suspende seus órgãos. Que esquece que é forte e elástico, e por isso enrijece, contratura, enoza e dói tentando estabilizar a instabilidade - enganado sobre direção e meios. Engano porque não é sobre o quanto ele consegue se esticar pra alcançar ou amassar pra caber ou endurecer pra resistir à pressão, mas sim sobre o quanto sua atividade garante ativação da força e da própria estabilidade-mobilidade.
A atividade que garante a atividade. Não é qualquer uma, ou de qualquer modo. Não é instantâneo, nem tem efeito permanente... mas sente-se imediatamente. Paulatinamente. Faça para poder fazer. Que simplicidade quase boba! Que complexidade sofisticada. Pra mim essa coisa de corpo-que-se-sente-e-se-faz é resgate, coisa nova-antiga, (re)ativação. O ouvir convocar o menear, o rir e espirrar alto terem passagem, a pele curiosa e no mundo, o cabelo em caos, o mover sem se encaixar, a força dar leveza ao invés de sujeição a peso ou pressão. Coisa de corpo criança macaca onça cachorra mulher pessoa chão folha cachoeira pedra alienígena. Um desengano interessado e interessante.






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