eu inventei
- Amanda Talhari
- Aug 19, 2024
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Updated: Oct 9, 2024
Pensando nos custos de bancar algumas escolhas da vida, me lembrei da minha mãe falando “eu inventei de ter____” ou “eu inventei de fazer____”. Essa fala era geralmente queixosa, vinha junto a desgenerosidade do implícito: “agora eu que me vire / eu que me f0d4”. Então “inventar” é arranjar sarna pra se coçar? Parir Mateus pra embalar sozinha? Ter que pagar por exercitar algo? Se punir por desejar? Uma sentença?
Um tempo atrás, me sentindo sobrecarregada, falei “mas também… eu inventei de____” e quase deslizei pra essa queixa, mas me veio um sentimento muito diferente. Eu inventei: eu criei, eu estou experimentando.
Eu vou ter que lidar com as consequências das minhas escolhas, evidentemente. Ver qual minha parte na desordem da qual me queixo, não é mesmo? Mas não como punição, e sim como possibilidade. Ciente que ninguém mais vai bancar minha escolha, ciente também que não é minha integralmente se eu não to bancando.
Se não fui eu que inventei isso que assumi pra mim, também vou ter que bancar os efeitos disso… não é mesmo? Essencial, pois, me questionar sobre o que é essa coisa! Por que me coloquei a sustentar? O que eu queria ter inventado no lugar? O que eu estou desejando ou precisando (de modo ou artefato) e não estou a produzir? Por quê não estou considerando isso? Aí a gente pode ir limpando melhor, dando o devido lugar e ordenação às coisas dadas.
Agora, se eu “inventei”: posso, de fato, inventar, reinventar e até desinventar. Não? E que delícia lembrar desse brincar, prescindir do juízo, abdicar das sentenças e (re)ativar a análise como processo criativo e singular.






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